segunda-feira, 17 de setembro de 2012

GABARITO AP1 SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO 2009.2




Trata-se de um roteiro para correção das provas de AP1. Não é um
1º questão (2,5 pontos): Quais são as raízes da exclusão social na escola brasileira? (Resposta no Conteúdo da AULA 9)
As raízes da exclusão social na escola brasileira estão na História do Brasil colonial e imperial. A escola, no Brasil colonial era para muito poucos.
Freqüentavam a escola os filhos homens dos donos da terra (a aristocracia rural). O restante na população, a maioria composta de escravos, não freqüentava a escola.
No Império houve uma expansão do ensino secundário mas, a educação
popular continuou abandonada. Chegaram no Brasil as primeiras congregações femininas que assumiram a educação das meninas de elite. A elite brasileira reproduziu a injusta ordem social.

2º questão (2,5 pontos): Enumere as características principais do
multiculturalismo.
(Resposta no Conteúdo da AULA 11)
MULTICULTURALISMO – é um movimento que propõe um currículo inclusivo, que incorpora as tradições culturais dos diferentes grupos sociais.
As idéias do multiculturalismo se apóiam sobre uma mudança de
paradigma. Essas idéias propõem instabilidade, mistura, a relatividade, a
multiplicidade de identidades possíveis, em contraposição, ao paradigma
monocultural (apenas uma cultura) que garante que a verdade existe, que existe uma solução para cada problema e que a ciência dará a tal solução.

3ª questão (2,5 pontos) – Defina política afirmativa, justificando sua
função.
(Conteúdo da AULA 12)
ATENÇÃO!!! Não confundam ações afirmativas com ações positivas.
AÇÕES OU POLÍTICAS AFIRMATIVAS
de discriminação positiva ou políticas sociais compensatórias. São leis ou
intervenções políticas que compreendem ações do Estado em favor de grupos específicos, historicamente discriminados. Alguns exemplos dessas políticas aqui no Brasil: educação especial, educação indígena, política de cotas.
são chamadas também de políticas
1) Educação Especial
portadores de necessidades especiais: deficiências, problemas de conduta e superdotação.
– trabalho educativo especializado para alunos
2) Educação Indígena
próprios de aprendizagem.
– utilização de suas línguas maternas e processos
3) Política das cotas
pardos e estudantes oriundos da rede pública.
– vagas nas universidades reservadas aos negros,

4º questão (2,5 pontos): Escreva sobre as idéias de Durkheim,
Althusser e Bourdieu a respeito da relação entre Educação e Estado,
esclarecendo o papel da escola. (Conteúdo da AULA 12)
A percepção da escola como instituição difusora de um conjunto de valores universais ou dominantes foi uma importante contribuição das obras dos autores:
DURKHEIM
social
metódica. A escola é uma das instituições que desempenham esse papel de socialização. Como sistema organizativo, a escola tende, segundo Durkheim à perpetuação, à conservação dos valores.
– a Educação é uma das formas mais características do fato, isto é, os modos de agir e de ser são fruto de uma socialização

ALTHUSSER
que tem a função de criar condições para a perpetuação da ideologia
dominante, ao universalizar os valores e as práticas da elite.
– identificou a escola como um aparelho ideológico do Estado
BOURDIEU
do papel da escola no processo de perpetuação das relações sociais. Bordieu destacou que o acesso aos recursos culturais, que os indivíduos possuem, por herança, aparece no processo de escolarização, favorecendo os membros da classe dominante que detêm os saberes socialmente referendados pela instituição.
Segundo Bordieu: “para que sejam favorecidos os mais favorecidos e
desfavorecidos os mais desfavorecidos, é necessário e suficiente que a escola ignore, no âmbito dos conteúdos do ensino que transmite, dos métodos e técnicas de transmissão e dos critérios de avaliação, as desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes sociais. Em outras palavras, tratando os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura”.
– A sua concepção de capital cultural aprofundou a compreensão
* * *

Gabarito da Ap1 de Educação Especial - 1° período - 1° semestre de 2009



Gabarito Ap1 09-01– Educação Especial


1ª questão - Gostaríamos que vocês abordassem as questões problematizadas nas primeiras aulas: 1 e 2, principalmente, podendo incluir também os pontos trabalhado nas aulas 3 e 4.



2ª questão - Porque de acordo com a cultura em que vivemos com as informações de que dispomos, com nossas crenças e convicções, de acordo também com nossa religiosidade e como nosso entendimento sobre a deficiência, explicamos, agimos e, principalmente, justificamos nosso comportamento em relação às pessoas consideradas, por algum motivo, diferentes.


3ª questão -

Primária – significa prevenir a ocorrência de deficiências. Programas de prevenção contra o uso do álcool e de drogas, vacinação das mães contra determinadas doenças (rubéola dentre outras) são algumas medidas que visam evitar o aparecimento de deficiências.

Secundária – Com o problema instalado busca-se, com essa prevenção, um diagnóstico precoce na tentativa de evitar limitações permanentes ou controlar ao máximo as suas conseqüências. Exemplo: programas de estimulação precoce.

Terciária – As ações realizadas têm dar atendimento adequado à pessoa com deficiência de forma a reduzir as conseqüências dos problemas gerados pela deficiência. Exemplo: programa de reabilitação.



4ª questão - Os processos internos de maturação determinam limites físicos que devem orientar o trabalho realizado na estimulação precoce buscando ações que favoreçam o melhor desenvolvimento, prevenindo e remediando os desvios do desenvolvimento infantil. Um pequeno resumo de como acontece o desenvolvimento e crescimento infantil

1.o desenvolvimento motor no primeiros anos se dá via 2 tendência

cefalocaudal – da cabeça para os pés ,e

próximo-distal – do tronco para as extremidades;

2.os processos internos de maturação controlam grande parte do crescimento e desenvolvimento físico. Por exemplo, só é possível segurar coisas com as mãos depois que os músculos e ossos do braço estiverem desenvolvidos;

3.Quanto ao córtex cerebral podemos dizer que algumas partes se desenvolvem logo como as responsáveis pela visão e audição e outras partes se desenvolvem gradativamente como as que governam as áreas motoras, por exemplo.

4.O cérebro e suas funções estão se desenvolvendo até, principalmente, os 4 anos de idade.



5ª questão – O aluno deve utilizar os conhecimentos trabalhados na aula 14.



6ª questão – Orientação no sentido de uma educação para todos; inclusiva; e dando conta das diferentes características e necessidades do alunado, oportunizando a todos um nível adequado de conhecimento.



7ª questão - 4 aspectos da escola inclusiva

Uma escola inclusiva precisa ter a preocupação de elaborar o seu projeto político pedagógico com a participação de toda comunidade escolar, contendo estratégias que contemplem os alunos com necessidades educacionais especiais, através das adaptações curriculares de grande e pequeno porte. A questão da acessibilidade – uma adaptação de grande porte – é fundamental que a escola se mobilize para conseguir adequar a sua estrutura para receber este alunado, além de desenvolver uma proposta de flexibilização curricular que respeite o ritmo de aprendizagem de cada aluno e a formação em serviço dos educadores. Trabalhar pensando na diversidade e desenvolver metodologias que facilitem o processo de ensino-aprendizagem de todos os alunos é uma forma de garantir uma educação de qualidade para todos.


Resumo de sociologia – Aulas 23 à 30

Aula 23 – Implementando ações afirmativas na educação brasileira

ações afirmativas na Educação brasileira. Selecionamos três exemplos fundamentais: o da Educação Especial, o da Educação Indígena e o da política de cotas.

As políticas afirmativas ou políticas de discriminação positiva ou políticas sociais compensatórias – são ações do Estado ou estimuladas por ele, voltadas para grupos específicos, historicamente discriminados.

Nota-se, portanto, que o significado efetivo dessa modalidade é propiciar um trabalho educativo especializado no que diz respeito aos “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos” para aqueles que possuem especificidades.

programas integrados de ensino e pesquisas, para oferta de Educação escolar bilíngüe e intercultural aos povos indígenas,

É necessário ressaltar que essa atuação do Estado é decorrente das reivindicações indígenas de décadas, influenciadas, como já vimos, pelos estudos culturais a partir da década de 1960, que ressaltavam o efeito pernicioso de uma Educação que desconsiderava as especificidades históricas e culturais das comunidades indígenas, além de constatar que o controle da Educação pelos colonizadores europeus foi um eficaz instrumento de dominação e de perda de identidade dos diversos povos nativos da América.

a polêmica foi importante para o enfrentamento desse grave problema social: o do acesso das camadas mais pobres da população e dos afrodescendentes à Universidade Pública, Assim como forçou a revisão das primeiras leis, limitando o percentual da reserva de vagas a 45% em cada curso das universidades estaduais.

Aula 24 – As condições de trabalho docente nos diferentes tempos históricos – séc XVII ao XIX.

O ato de educar permaneceu como uma tarefa da igreja, construiu-se uma concepção de professor que devia unir vocação e sacerdócio. Houve a luta entre a igreja protestante e a igreja católica, como também a disputa entre os interesses burgueses e os interesses da aristocracia.

A partir do séc. XVI, surgiu a necessidade de abrir escolas para camadas mais amplas da população e o clero não podia atender a essa demanda, por isso foi necessária a colaboração de professores leigos. Professor era aquele que professava a fé e fidelidade aos princípios da instituição e se doava sacerdotalmente aos alunos.

Os professores deveriam ser formados em escola normais laicas e se tornarem funcionários do estado. As promessas de formação de professores em escolas laicas e estatais não se concretizaram no séc. XVIII e continuaram no séc. XIX.

A industrialização muda as relações de trabalho e o processo de urbanização. Para executar as suas tarefas precisava ter instrução e saber dividir racionalmente sua tarefa com outros. No séc. XIX, o trabalho do professor começou a passar por mudanças significativas, tornando-se mais complexo e controlado pelo estado. Desencadeou-se uma acirrada luta entre reacionários e liberais, conservadores e progressistas, para saber quem teria a hegemonia do processo educacional, foram polos antagônicos desta luta: a igreja e o estado.

O movimento de restauração de caráter conservador opunha-se aos avanços do pensamento liberal que defendia a escola pública e laica e a formação do professor deveria se fundamentada em bases técnico-profissionais. E no séc. XIX surgiram movimentos de professores que defendiam os princípios liberais e lutavam por uma organização profissional.

A profissão docente foi se tornando um ramo do serviço público, e o estado passa a se encarregar das instituições escolares, controlando o trabalho docente, para que este garantisse o fortalecimento da ordem econômica e social.

Movimentos sociais que lutavam pela melhoria da educação e das condições do trabalho docente, o movimento socialista e a organizações docentes denunciavam as condições precárias dos prédios escolares, o número excessivo de alunos em sala de aula, a excessiva burocracia do estado no sentido de controlar o trabalho docente, a qualidade de formação dos professores e os baixos salários.

Houve a necessidade de ampliar o número de escolas e criar mecanismos para promover, organizar, e controlar o sistema público de ensino e também controlar a profissão docente.

No Brasil foi iniciada uma discussão significativa sobre a criação de escolas normais, no sentido de possibilitar uma formação adequada áquele que exercia o magistério, pois queriam acabar com os professores improvisados. Esta discussão também abriu espaço para o questionamento das condições de trabalho docente, buscando caminhos que pudessem melhorar o exercício do magistério, mas, ao mesmo tempo, também foram estabelecidos os mecanismos de controle do trabalho docente.

Aula 25 – As condições de trabalho docente nos diferentes tempos históricos séc. XX

- O trabalho torna-se tão simplificado e parcelado que passa a ser uma tarefa rotineira e insignificante. Esse processo de produção trouxe as seguintes conseqüências para o trabalho no mundo contemporâneo:

• a separação entre o processo de trabalho e seu objetivo, que é a satisfação das necessidades do trabalhador; • o trabalhador perde o controle sobre seu processo de trabalho; • o trabalho deixa de ser uma atividade criativa e passa a ser uma atividade pré-organizada, sem autonomia e submissa a regras; • o predomínio da economia de tempo, perdendo-se o caráter qualitativo das tarefas, pois cada vez mais se enfatiza a máxima “tempo é dinheiro”; • a perda do controle da regularidade e da intensidade do trabalho.

o trabalho do professor no século XX, o consideram uma atividade intelectual que mantém um forte vínculo com o Estado porque, com o aparecimento do capitalismo, separa-se a sociedade civil do Estado e o ensino passa a ser visto como dever do Estado.

O professor deveria ser formado, preferencialmente, em nível superior, com um currículo que contemplasse a Biologia, a Filosofia, a Psicologia e a Sociologia e outros conhecimentos que possibilitassem uma sólida formação científica.

A partir de então, deveria existir o inspetor escolar, o supervisor educacional, o orientador educacional, o administrador escolar e o professor. Sendo que as quatro primeiras atividades teriam como função primordial o planejamento de ações pedagógicas e o professor deveria executar o que era planejado.

devemos considerar que: a) nesse período, a profissão de professora era uma das poucas opções para o universo feminino; b) ao sair do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, a professora tinha emprego garantido na rede pública de ensino; c) a remuneração da professora primária era bastante significativa, na segunda metade da década de 1940 e ao longo da década de 1950.

Constatamos que o trabalho docente sofreu, nos últimos trinta anos, uma grande desvalorização e a condição financeira do professor do primeiro segmento do Ensino Fundamental aproxima-se, algumas vezes, a da classe proletária.

características do trabalho, criadas a partir do modo de produção capitalista, estão presentes atualmente no trabalho docente, como: o aumento das tarefas, o parcelamento do trabalho, a impossibilidade de planejar integralmente suas atividades e a economia de tempo para fazer as atividades exigidas pela escola; ou seja, o professor tem pouco tempo para executar as suas tarefas.

Aula 26 – O jogo das representações mútuas: como professores e alunos percebem seus papéis sociais.

A primeira fonte que os professores utilizam é a informação direta sobre as características e o comportamento dos seus alunos, obtida com a observação no decorrer dos primeiros contatos. A informação indireta vem através de outros professores, pais, relatórios orais (como por exemplo, os que acontecem nos conselhos de classe) etc.; ela também incide nas representações. E uma terceira fonte é derivada da organização do sistema educacional, que fornece um conjunto de dados, como por exemplo: histórico escolar, residência, nível de escolaridade dos pais, classe social, situação familiar.
a observação continuada, que será produzida durante as atividades de ensino e de aprendizagem desenvolvidas em aula. É por essa razão que existem variações nas interpretações dos professores acerca de turmas e alunos.


A imagem do “aluno ideal” que o professor possui – que, em geral, inclui a adequação às normas da escola; a dedicação; o esforço, entre outras tantas características – age como um filtro para interpretar as “reais” características dos alunos com quem interatua.

imagens de “professor ideal” – como se mostra afetuoso, disponível e respeitoso com seus alunos; competente quando explica os conteúdos; habilidoso na resolução de conflitos e situações comprometedoras – e assim constroem as suas representações.

as representações que se constroem na situação educacional levam cada protagonista a esperar de seu interlocutor determinados comportamentos e a atuar de acordo com o que espera do outro.

Aula 27 – Os esquemas de controle da profissão docente.

- a cultura docente constitui o componente privilegiado da cultura da escola como instituição, a que Pérez Gómez (2001) denomina como estrutura de participação social e de estrutura de tarefas acadêmicas. A cultura docente se presentifica nos métodos que são utilizados nas aulas, na qualidade, no sentido e na orientação das relações interpessoais, na definição de papéis e funções que os professores desempenham, nos modos de gestão, nas estruturas de participação e nos processos de tomada de decisões.

- todo projeto de inovação educacional precisa levar em conta a cultura docente, pois tanto a mudança quanto a transformação da prática pedagógica cotidiana não estão assentadas apenas na compreensão intelectual das pessoas envolvidas, mas, fundamentalmente, em seu desejo de transformar as condições que herdaram da cultura docente.

- por um lado a cultura docente determina os valores e os modos de interação próprios de cada escola, por outro lado sofre o efeito das pressões e das expectativas externas, das exigências relativas aos processos de socialização e dos demais agentes envolvidos com a escola.

- Os processos de ensino e aprendizagem, o currículo, os modos de avaliação e seus significados, a organização institucional, a função da escola, os próprios papéis docentes, o desenvolvimento do indivíduo, os processos de socialização dentro e fora da escola, assim como o sentido e a evolução da sociedade, se constituem como componentes – mais bem definidos ou, não, refletidos e sistematizados –, do conteúdo da cultura docente.

- as características mais relevantes que definem a forma da cultura docente: • Isolamento do docente e autonomia profissional. • Colegialidade burocrática e cultura de colaboração. • Saturação de tarefas e responsabilidade profissional. • Ansiedade profissional e caráter flexível e criativo da função docente.

- Flinders (1988) caracteriza três espécies de isolamento: o primeiro é o isolamento como estado psicológico – no qual a insegurança pessoal ou o medo à crítica confina o professor à sua sala de aula. O segundo é o isolamento ecológico, que está determinado pelas condições físicas e administrativas que definem seu trabalho: E, por último, o isolamento adaptativo – entendido como uma estratégia pessoal que busca o próprio espaço de intervenção, a fim de preservá-lo de influências prejudiciais do contexto.

- A colegialidade burocrática refere-se ao conjunto de procedimentos impostos pela administração, como por exemplo, planejamento, projetos, escolha de livros didáticos para o próximo semestre etc.

Aula 28 – O mal estar docente.

A cultura da colaboração está fundamentada em dois aspectos mutuamente implicados em todo processo educacional: de um lado o aspecto cognitivo, o debate de idéias que promove a descentralização e a abertura à diversidade. Do outro lado, a dimensão afetiva, o clima de confiança que autoriza o indivíduo a se abrir às experiências alternativas, a correr riscos e ao desprendimento pessoal, sem sentir-se ameaçado do ridículo, da exploração, da desvalorização da própria imagem ou da discriminação.

múltiplas conseqüências prejudiciais da intensificação laboral do docente, Hargreaves (1994) ressalta a falta de tempo e de tranqüilidade para que o professor possa se concentrar na tarefa de atender aos alunos dentro e fora da sala de aula, refletir sobre o sentido de sua atividade e se formar nos aspectos científicos e culturais que compõem a base de seu pensamento e de sua sensibilidade.

para outro grupo de professores, sem dúvida um grupo minoritário, é possível encontrar saídas para a incerteza e para a perplexidade. O primeiro passo é desconstruir as estruturas e funções obsoletas presentes na cultura docente. Depois, lutar contra a acomodação acrítica e as pressões ou exigências exteriores do mercado. A seguir, é imprescindível um aprofundamento teórico sobre a tarefa docente e a reconstrução compartilhada da cultura escolar e do papel social do professorado.

A perspectiva psicanalítica concentra no campo estabelecido entre o professor e seus alunos as condições para o aprender, sejam quais forem os conteúdos. A psicanálise batiza esse campo com o nome de transferência. Revelada no campo específico da relação médico-paciente, Freud percebeu a constância com que a transferência também ocorria nas diferentes relações estabelecidas pelas pessoas no decorrer de suas vidas.

Aula 29 – A sociologia da educação

A Sociologia é uma área de estudo que se preocupa em compreender as relações sociais estabelecidas coletivamente pelos homens em cada um dos lugares onde vivem.

As concepções de abordagens sociológicas: *O pensamento durkheimiano - Para Durkheim (1978 e 1984), a Ciência Social deveria estudar os “fatos sociais”, isto é, o conjunto de ações e relações que são criadas coletivamente e impõem aos indivíduos uma coerção. Pensar a Educação como parte do processo de socialização dos indivíduos e grupos, assumindo as formas de comportamento social previstas pela ordem estabelecida e fazendo com que cada um seja parte de um todo organicamente estruturado. A educação tem o objetivo de reproduzir a cultura para socializar os indivíduos para que eles vivam de acordo com o contexto cultural. *O pensamento marxista - A percepção de Marx (1978 e 1984) está baseada nas relações de produção, que ele entendia como fundamentais e determinantes. A Educação é, portanto, um instrumento para formar os indivíduos segundo a mentalidade burguesa e prepará-los com as capacidades para o trabalho que atenda aos objetivos de acumulação de capital, lucro e competitividade das empresas. Por isso, a escola é um órgão responsável pela reprodução dos valores e do saber dominante e da reprodução da força de trabalho, por meio da qualificação profissional. A vida escolar é organizada em currículos, séries e níveis desde o que conhecemos por Ensino Fundamental até o Ensino Superior, para a manutenção e o desenvolvimento do sistema socioeconômico. Na visão marxista, a escola é organizada para manter a desigual­dade das condições de classe, pois serve a um projeto geral de dominação que se perpetua, com raríssimas possibilidades de os membros das classes dominadas aproveitarem, efetivamente, as oportunidades e chances de ascensão social. *O pensamento weberiano - A terceira concepção clássica da Sociologia foi feita por Max Weber (1971), que desenvolveu uma explicação baseada no conceito de ação social. Ele as qualificou como todas as ações humanas dotadas de sentido. Neste caso, a vida social é um conjunto complexo de interações entre indivíduos e grupos que se influenciam reciprocamente na maneira de pensar e agir. As ações sociais possuem características tais como: fins (objetivos), valores (avaliação), afetos (sentimentos) e tradições (costumes). Neste caso, podemos entender a Educação como ação social, onde ensinar ou aprender podem ser entendidos a partir dos propósitos do sistema de ensino, da apreciação do fim do conhecimento, do prestígio social, do poder e do ganho financeiro que se torna possível com a obtenção de um diploma. Podemos ainda pensar o ensino-aprendizagem segundo o maior ou menor envolvimento emocional dos atores em nome da vocação profissional, simpatia/antipatia por áreas do conhecimento etc. Podemos também entender a Educação por meio da organização do modo de ser/pensar da escola através de seu ethos: hábitos, identidades, costumes, valores, práticas e rituais.

Questões sociológicas contemporâneas na educação - 1) Concepções funcionalistas: justificam a maneira pela qual o sistema social capitalista deve funcionar, tal como ele tem sido ao longo dos anos, e o papel que a Educação desempenha nele. 2) Concepções críticas: criticam a função da escola na estrutura capitalista. Esta concepção se subdivide em: a) perspectivas reprodutivistas, b) perspectivas gramscianas, c) perspectivasfrankfurtianas, d) perspectivas foucaultianas.3) Concepções interacionistas: preocupam-se em centrar as análises nas interações existentes na interação entre os membros de uma comunidade e a maneira como eles constroem os significados da vida coletiva.


A nova sociologia da educação: “Nova Sociologia da Educação” (NSE) para denominar um campo de estudos onde as trilhas de análise se misturam um pouco entre si. Isto significa que podemos estudar a desigualdade social e seus efeitos perversos na educação das camadas populares não somente por meio da estrutura socioeconômica, mas também a partir da percepção dos indivíduos e grupos mais pobres. Uma ênfase importante da NSE foi a discussão do currículo feita por Young (2000), que passou a interpretá-lo como um artefato cultural que se constrói nas relações sociais por intermédio de formas de controle e da imposição de saberes que são considerados mais rentáveis e legítimos do que outros. A NSE passou a dar ênfase também à vida de subculturas relacionadas a gênero, etnia e demais identidades sociais que são construídas, reforçadas ou desqualificadas no interior do espaço cultural e escolar.

Aula 30 – Educação, memória, comunicação, artes, estética e sociologia.

Padrões estéricos e prática educativa: envolve processos racionais, de elaboração, planejamento e estudo, e que, além disso, devemos considerar toda uma conjuntura histórica, na qual encontramos diferentes concepções e manifestações artísticas.

Artes: Para repensar esses modelos estéticos é preciso adotar juízos que permitam outras possibilidades, cabendo ao professor proporcionar meios para que os alunos percebam e entendam a realidade de modo diversificado.

Arte na educação: a importância da arte na formação do homem, pois ao brincar com as aparências, jogar e construir novos mundos, tanto o adulto quanto a criança podem dar vazão às suas emoções, e assim, os problemas do cotidiano podem ser traduzidos ou deslocados, peculiarmente as dores, em obras de arte, que se tornam um bálsamo salutar para as agruras corriqueiras. É essencial que se cultue as atividades lúdicas em sala de aula. Essas atividades, porém, não devem ter cunho meramente criativo, nem ser consideradas práticas secundárias em relação às outras disciplinas; ao contrário, devem ser respeitadas como uma área de conhecimento autônoma, com conteúdos específicos.

Arte e educação: Arte e Educação se mostra como um instrumento fundamental para o desenvolvimento de técnicas que permitam exercitar a imaginação, a auto-expressão, a descoberta, a invenção e, conseqüentemente, o potencial transformador único.

Os meios de comunicação: A função dos meios de comunicação. No primeiro modelo, eles se tornaram apenas o veículo de difusão da opinião e no segundo, se tornaram a fonte da opinião pública. Contribuem para a barbarização da cultura e para a alienação, investindo mais no sentimentalismo e no entretenimento do que na reflexão racional e na conscientização voltada para a emancipação social. No entanto, para outros, os meios de comunicação contribuem para a democratização do acesso à cultura, sendo um elemento importante para a conscientização e para a educação da população, apesar de seus efeitos maléficos. Edgar Morin nos fala que a indústria cultural trabalha com um aparente paradoxo: burocracia-invenção, padrão-individualidade.

Educação e comunicação: Pode-se perceber essa influência nos educadores e nos familiares no momento em que mantêm certa preocupação com as crianças e os jovens que estão em contato direto como os meios de comunicação, e de como interferem na formação, nos hábitos e nas atitudes de cada um, gerando violência e um apelo ao consumismo.

Informação: O educador precisa lembrar-se de que existem várias implicações pedagógicas no processo educativo como, por exemplo: a linguagem adotada pelos meios de comunicação no dimensionamento das formas de pensar e de agir do aluno. A identidade e a subjetividade são formadas pela linguagem audiovisual. Não há como desenvolver o processo ensino-aprendizagem sem as referências estabelecidas pela mídia eletrônica, principalmente sem a interatividade. Entre as riquezas de informações que o texto oferece, merece destaque a seguinte definição de linguagem: é uma instituição fundamental para pensar a constituição e o funcionamento da sociedade. Sem ela, não seria possível a existência de idéias, valores, hábitos, costumes, saberes e práticas estabelecidas na sociedade.

Piaget: Piaget é de que as crianças constroem a sua inteligência social e moral no transcurso da sua intervenção em interações sociais e em um processo de adaptação constante às circunstâncias sociais, desde as relações entre pares até as relações de autoridade. O código de leis da escola precisa ser interpretado por cada aluno, constituindo-se em uma das aprendizagens vitais para a convivência social nesse espaço institucional.

Vygotsky: Uma pessoa pode trabalhar e resolver um problema ou realizar uma tarefa de uma maneira e em um nível que seria incapaz de conseguir individualmente ( zona de desenvolvimento proximal). Como um campo dinâmico, em constante processo de mudança através da própria interação.

Sociologia da educação: tem como objetivos: identificar as principais concepções sociológicas da Educação e compreender a contribuição da Sociologia para pensar a Educação em suas idéias e ações.

Memória e educação: a Antropologia nos oferece conhecimentos muito interessantes sobre o lembrar e o esquecer que podem ser pensados como elementos elásticos que requerem concentração e atenção, estando sempre juntos e em estado de equilíbrio frágil. Marc Augé nos aponta o retorno, a suspensão e o começo (ou recomeço) como as três formas de esquecimento que se manifestam em práticas culturais, que podem ser exemplificadas respectivamente no rito do candomblé, no desfile das Escolas de Samba e na imagem de Lot e a mulher fugindo de Sodoma.

Comunicação e memória: Ela nos leva a refletir sobre memória social, que é um campo que demanda constante investigação, pois nela pode-se encontrar muitos elementos que contribuem para a formação e para o enriquecimento de nossas identidades como povo, grupo ou indivíduos. Ao mesmo tempo nos propõe, para estudos futuros, o repensar sobre a memória do futuro, uma vez que é no presente que realizamos escolhas, mas elas constituem o fio tecido para o que virá.